O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. Dados do Serviço Copernicus para Alterações Climáticas (C3S) confirmam que a temperatura média global ultrapassou 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900) ao longo de todo o ano, um marco crítico estabelecido pelo Acordo de Paris para evitar consequências climáticas mais severas.Os registros mostram que a temperatura global de 2024 foi 1,6 °C superior à média da era pré-industrial, o que se consolida uma tendência de aquecimento contínuo. Desde 2015, todos os anos ficaram entre os mais quentes da história. Além disso, o aumento das temperaturas não tem precedentes nos últimos 125 mil anos, segundo estudos paleoclimáticos.Eventos extremos e impactos ambientaisO avanço do aquecimento global trouxe consequências diretas, segundo especialistas na ONU. Cerca de 44% da superfície terrestre sofreu estresse térmico intenso em 2024, com temperaturas elevadas comprometendo a saúde humana e a biodiversidade. A temperatura da superfície dos oceanos, por exemplo, atingiu 20,87 °C, a maior já registrada, alterando padrões climáticos globais e intensificando eventos extremos, segundo a instituição.O Brasil sentiu os impactos com secas severas na Amazônia e enchentes no Rio Grande do Sul. Nos Estados Unidos, incêndios florestais se espalharam rapidamente devido a ventos de 160 km/h. Furacões e tempestades mais intensas também foram registrados em diversas partes do mundo.Com a elevação da temperatura, houve ainda um aumento de 5% na umidade atmosférica, o que contribuiu para chuvas torrenciais e tempestades. Especialistas alertam que esses eventos extremos tendem a se intensificar nos próximos anos, caso as emissões de gases do efeito estufa não sejam reduzidas rapidamente.O papel das atividades humanas no aquecimento globalRelatórios climáticos, por outro lado, apontam que as atividades humanas são a principal causa do aquecimento global. A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a emissão de gases como CO2 e metano, por exemplo, estão entre os principais responsáveis pelo aumento das temperaturas.Embora o El Niño tenha influenciado o aquecimento em 2023 e 2024, especialistas afirmam que a elevação das temperaturas já vinha ocorrendo devido ao impacto humano. O aquecimento dos oceanos e o aumento da concentração de gases na atmosfera intensificam os efeitos das mudanças climáticas, criando um ciclo difícil de reverter.Caso as emissões globais não sejam drasticamente reduzidas, a ONU prevê que o planeta possa atingir 3,1 °C de aumento médio até o fim do século, cenário que agravaria os eventos climáticos extremos e tornaria algumas regiões inabitáveis.Energias renováveis como soluçãoA substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis, por outro lado, é uma das principais estratégias para conter o avanço do aquecimento global, segundo a ONU. Energias como solar, eólica e biomassa reduzem a emissão de gases poluentes e oferecem uma alternativa sustentável para a matriz energética mundial.A geração distribuída, na qual consumidores produzem sua própria energia por meio de sistemas como painéis solares fotovoltaicos, tem um papel fundamental nesse processo. Além de diminuir a dependência de grandes usinas termelétricas, essa descentralização da produção energética aumenta a resiliência da rede elétrica, tornando-a menos vulnerável a eventos climáticos extremos.Assim, especialistas continuam debatendo e defendendo incentivos governamentais para a ampliação da geração distribuída e modernização das redes elétricas.A integração de fontes renováveis pode reduzir significativamente as emissões e viabilizar uma transição energética eficiente e sustentável. O Brasil, inclusive, tem uma das maiores matrizes elétricas renováveis do mundo, segundo o MME.