Cientistas do Laboratório Nacional de Oak Ridge (ORNL) e outras instituições norte-americanas estão se aproximando de uma solução para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no setor naval, responsável por aproximadamente 3% das emissões globais. Em nota, a instituição, por meio do Escritório de Eficiência Energética e Energia Renovável, dos Estados Unidos, destacou que o foco é no desenvolvimento de biocombustíveis viáveis para grandes embarcações oceânicas (OGVs), que transportam mais de 80% das mercadorias mundiais. Esse avanço está alinhado com as metas da Organização Marítima Internacional (IMO), que em 2023 estabeleceu a neutralidade de carbono no setor até 2050.Segundo o laboratório, os biocombustíveis marinhos, produzidos a partir de resíduos como madeira e lixo urbano, já estão sendo testados em motores marítimos. Pesquisadores do ORNL, em colaboração com os Laboratórios Nacionais de Energia Renovável (NREL), do Noroeste do Pacífico (PNNL) e de Argonne (ANL), mostraram que misturas de biocombustíveis de até 20% podem ser usadas em motores de navios sem impactos significativos nas emissões ou no desempenho. O próximo passo será realizar testes em larga escala no mar, previstos para 2027, explorando parcerias para garantir uma transição efetiva rumo a um transporte marítimo mais sustentável.O que é biocombustível marítimo?Biocombustíveis marítimos são combustíveis derivados de fontes renováveis de biomassa, como resíduos agrícolas, florestais e urbanos. Eles podem substituir, total ou parcialmente, os combustíveis fósseis tradicionalmente usados no transporte marítimo, como o óleo combustível pesado (HFO), que é um dos maiores responsáveis pelas emissões de GEE no setor naval. A produção de biocombustíveis envolve a conversão de biomassa em bio-óleo por meio de processos como a pirólise rápida ou a liquefação hidrotérmica, gerando uma alternativa renovável e menos poluente.Como os biocombustíveis podem ajudar?A adoção de biocombustíveis marítimos representa uma oportunidade significativa para reduzir a pegada de carbono do transporte marítimo global. Além de serem feitos a partir de recursos renováveis, esses combustíveis podem ser misturados aos atuais combustíveis fósseis, diminuindo as emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros poluentes, como óxidos de enxofre e nitrogênio. Outro benefício é que o uso de biocombustíveis não requer modificações substanciais nos motores dos navios, facilitando sua implementação gradual.Com o transporte marítimo sendo um dos setores mais difíceis de eletrificar devido à sua dependência de combustíveis de alta densidade energética, os biocombustíveis surgem como uma solução de curto e médio prazo. Eles oferecem uma alternativa viável enquanto tecnologias futuras, como o hidrogênio verde ou amônia, ainda estão em desenvolvimento.
