Debate sobre desafios dos investimentos em Hidrogênio Renovável no Brasil trouxe reflexões ao setor

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Especialistas ressaltaram a importância da mão de obra qualificada, assim como a união entre empresas, governo e academia para crescimento do setor renovável

O painel “Riscos e Desafios na Visão do Investidor-Financiador”, desenvolvido dentro do 4º Fórum Internacional do Hidrogênio em novembro, trouxe à tona questões estratégicas e operacionais enfrentadas por empresas e instituições financeiras no setor de hidrogênio verde. Representantes de diferentes áreas compartilharam experiências, perspectivas e iniciativas que estão moldando o futuro desse mercado emergente, na ocasião.

O debate contou com Ricardo Couto, da QAIR, empresa integrada de energia renovável, Carlos Eduardo (Peninha), da N&A Consultoria e Francisco Bezerra, do Banco do Nordeste, que abordaram temas como fatores de sucesso, escassez de mão de obra especializada e estratégias para mitigação de riscos.

Fatores de sucesso e perspectivas de desenvolvimento

Muitos assuntos foram debatidos pelos especialistas durante o painel, sendo os fatores de sucesso um deles. Na ocasião, Couto destacou o compromisso da QAIR com a transição energética e o planejamento estratégico como elementos centrais de sucesso.

A empresa, com 600 MW já em operação e um pipeline de 13 GW em projetos de energia renovável, investe em inovação e sustentabilidade, segundo ele. Um exemplo disso foi o evento realizado com energia gerada por hidrogênio verde, demonstrando o potencial da tecnologia.

Além disso, Couto ressaltou os avanços da empresa em projetos offshore. Segundo ele, a QAIR está em processo de instalação de uma boia para medições marítimas, com documentação já submetida ao IBAMA. Essas ações são reflexos de um planejamento robusto e da busca por soluções sustentáveis.

Capacitação de mão de obra como pilar de sustentabilidade

Porém, não foi apenas dos cases de sucesso que os especialistas debateram. A escassez de profissionais qualificados, por exemplo, acabou unanimemente reconhecida como um dos principais desafios do setor. Peninha e Bezerra abordaram estratégias para mitigar esse problema, como a utilização de editais de pesquisa para fomentar o desenvolvimento acadêmico e tecnológico.

Na ocasião, Peninha enfatizou a necessidade de requalificar engenheiros e formar uma nova geração de profissionais adaptados às tecnologias emergentes. "O mercado de engenharia, após anos de retração, precisa se reinventar para atender às demandas da transição energética", afirmou.

Além da mão de obra, Bezerra também detalhou as iniciativas do Banco do Nordeste para apoiar projetos de hidrogênio verde. Ele explicou que o fundo constitucional de financiamento foi ajustado para priorizar projetos de energia renovável, oferecendo condições financeiras mais atrativas. Contudo, alertou para os desafios na fase inicial de desenvolvimento, conhecida como "zona da morte", onde muitos projetos param devido à falta de financiamento.

Durante todo o painel os palestrantes reforçaram a importância de estudos aprofundados na etapa inicial. "Investir em análises detalhadas evita perdas maiores no futuro", comentou Peninha. Ele destacou ainda a aplicação da metodologia FEL (Front-End Loading) como essencial para avaliar riscos e tomar decisões assertivas.

A colaboração com instituições de ensino, por sua vez, também foi apontada como fundamental. Campos relatou a participação da empresa em eventos com universidades no Ceará, onde a troca de conhecimento com pesquisadores busca criar soluções conjuntas para os desafios do setor. Em sua visão, essa interação com a academia é estratégica para fomentar a inovação e fortalecer a formação de profissionais.

"Precisamos de sinergia entre empresas e instituições de ensino para impulsionar o desenvolvimento da indústria do hidrogênio verde no Brasil", afirmou.

Desafios e caminhos para o futuro

Apesar dos avanços, os desafios permanecem significativos. Para os especialistas, a necessidade de criar políticas públicas mais robustas, acelerar processos regulatórios e atrair investimentos ainda é essencial para a segurança dos investimentos. Além disso, o setor precisa lidar com as incertezas tecnológicas e econômicas que acompanham projetos de longo prazo.

O painel concluiu com um chamado à ação: empresas, governo e academia devem trabalhar juntos para transformar o Brasil em um protagonista global na produção de hidrogênio verde. "Essa é uma jornada de risco, mas também de oportunidades imensas. O que estamos construindo agora deixará um legado para as futuras gerações", finalizou Peninha.

O debate completo pode ser assistido através do link: https://www.youtube.com/watch?v=6qiaoEIe3os.

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