Em um avanço significativo para o setor de combustíveis, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) conquistou uma patente para uma tecnologia inovadora que utiliza radiação ultravioleta (UV) para inativar microrganismos em combustíveis líquidos. O projeto, fruto de anos de pesquisa conduzida no campus de Palotina, visa aumentar a durabilidade e a qualidade de misturas de biodiesel e diesel, abordando uma preocupação crescente na indústria: a formação de borra e a degradação dos combustíveis.Em nota, a Universidade explica que a tecnologia consiste em um sistema móvel, composto por colunas de vidro com lâmpadas UV, por onde o combustível circula. A exposição à luz ultravioleta danifica o DNA dos microrganismos presentes no combustível, inativando-os e, assim, impedindo sua proliferação. Este processo, testado no Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater), demonstrou ser eficaz em prolongar a vida útil do combustível e reduzir a necessidade de aditivos.Ainda segundo os pesquisadores, o biodiesel, cada vez mais incorporado ao diesel, é derivado de matérias vegetais e, portanto, suscetível à formação de água e microflora nos tanques de armazenamento. Este ambiente favorece a proliferação de microrganismos que, ao encontrar carbono no combustível, geram uma substância chamada borra. Esse material particulado pode entupir filtros e bicos de motores, além de corroer componentes, causando prejuízos à indústria e aos consumidores.A tecnologia patenteada, por outro lado, busca controlar esse crescimento de micro-organismos que prejudicam o biodiesel, especialmente em um contexto de aumento no uso de combustíveis vegetais. Além de melhorar a durabilidade do biodiesel, a tecnologia ajuda a reduzir a dependência de diesel importado, promovendo o uso de biocombustíveis, segundo seus desenvolvedores.“O diesel hoje é um dos vilões que nós temos com relação às emissões de CO2, por ser um hidrocarboneto não renovável. Saber que uma tecnologia que foi desenvolvida aqui dentro da universidade, nos nossos laboratórios, é capaz de auxiliar nesse processo, de permitir tanto uma adição maior de biodiesel quanto a questão de manutenção da qualidade desse combustível e o aumento do tempo de estocagem dele. Isso é muito interessante pensando ao longo de toda a cadeia dos biocombustíveis, em especial do biodiesel, que tanto cresce hoje no Brasil e no mundo. Vale ressaltar que uma parte significativa do diesel comercializado atualmente é importada”, destaca o pesquisador Helton José Alves, coordenador do Labmater.O desenvolvimento da patente contou com o apoio da Agência de Inovação da UFPR, vinculada à Superintendência de Parcerias e Inovação (Spin), que oferece suporte aos pesquisadores no processo de proteção intelectual. A UFPR busca agora parcerias com distribuidoras e refinarias para realizar testes em larga escala, visando maturar a tecnologia e avançar do nível TRL 5 para TRL 7 ou 8, tornando-a uma solução viável para aplicação industrial em larga escala.