Acordo entre empresas visa acelerar produção de biometano a partir de resíduos agroindustriais

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Iniciativa faz parte de descarbonização em 2023 do transporte marítimo internacional

A transformação de resíduos agroindustrias em biocombustível tem sido a aposta do setor de transporte para a descabonização. O setor em todo o mundo é um dos que mais poluem e não importa o seu tipo, todos contam com grande parcela de culpa. Para driblar a poluição, no entanto, o transporte marítimo internacional está ganhando um novo incentivo a fim de reduzir as emissões de carbono através do biometano.

Na última semana, uma parceria entre o Grupo de Engie e CMA CGM divulgou que a primeira fábrica de biometano de segunda geração do mundo está em construção a fim de fornecer o biocombustível para o transporte marítimo francês, bem como contribuir com a transição energética mais limpa do setor.

O biometano que será produzido pela parceria, por sua vez, será de matéria orgânica principalmente resíduos agroindustriais urbanos. Ao ser purificado, o gás renovável conta com as mesmas características do gás natural fóssil derivado de petróleo, contudo é produzido de fontes renováveis já que pode usar biomassa seca, como madeira, palha ou resíduos celulósicos da indústria de papel.

A parceria entre as empresas prevê investimentos conjuntos no desenvolvimento do projeto Salamander, o qual tem como foco a produção inicial de 11 mil toneladas anuais de biometano de segunda geração a partir de 2026. A fábrica será instalada em Le Havre, na França e todo o gás renovável será produzido a fim de atender as companhias de navegação. A meta, segundo as empresas, é produzir 200 mil toneladas do gás renovável até 2028.

Vale destacar que o desenvolvimento do biometano de segunda geração é resultado de um trabalho de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) lançado em 2010 — o Projeto Gaya, que reúne a ENGIE e mais 10 parceiros industriais e acadêmicos europeus em Lyon, na França.

O gás renovável produzido a partir dos resíduos é capaz de reduzir em até 67% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, quando comparado com o bunker de baixo teor de enxofre (em inglês, Very Low Sulphur Fuel Oil ou VLSFO), que atende à atual regulamentação da IMO quando se analisa o ciclo de vida completo dos dois combustíveis, da produção ao impulso da embarcação.

Outro ponto importante a comentar é que o transporte marítimo hoje é responsável por 2% das emissões globais dos gases de efeito estufa e um acordo já foi realizado pelos países em um encontro da ONU com foco em reduzir as emissões pela metade até 2050. A parceria firmada vem com esse propósito segundo os idealizadores.

Christine Cabau Woehrel, vice-presidente executiva de ativos e operações da CMA CGM, ressaltou em nota que o projeto de biometano visa alavancar os projetos renováveis da empresa, assim como contribuir com o projeto RepowerEU, o qual é o plano da Comissão Europeia para tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos antes de 2030.

“Para atingir a meta de carbono líquido zero até 2050, o Grupo CMA CGM busca formar parcerias industriais sólidas, lideradas por esta iniciativa com a ENGIE. Salamander é o primeiro projeto industrial a surgir da parceria, um piloto avançado que ajuda a desenvolver o setor de gás renovável, de acordo com as metas de independência energética e a transição para a economia de baixo carbono, estabelecidas pela Comissão Europeia no plano RepowerEU” finalizou ele.



Fonte: Biomassa BR

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