A transformação de resíduos agroindustrias em biocombustível tem sido a aposta do setor de transporte para a descabonização. O setor em todo o mundo é um dos que mais poluem e não importa o seu tipo, todos contam com grande parcela de culpa. Para driblar a poluição, no entanto, o transporte marítimo internacional está ganhando um novo incentivo a fim de reduzir as emissões de carbono através do biometano.Na última semana, uma parceria entre o Grupo de Engie e CMA CGM divulgou que a primeira fábrica de biometano de segunda geração do mundo está em construção a fim de fornecer o biocombustível para o transporte marítimo francês, bem como contribuir com a transição energética mais limpa do setor.O biometano que será produzido pela parceria, por sua vez, será de matéria orgânica principalmente resíduos agroindustriais urbanos. Ao ser purificado, o gás renovável conta com as mesmas características do gás natural fóssil derivado de petróleo, contudo é produzido de fontes renováveis já que pode usar biomassa seca, como madeira, palha ou resíduos celulósicos da indústria de papel.A parceria entre as empresas prevê investimentos conjuntos no desenvolvimento do projeto Salamander, o qual tem como foco a produção inicial de 11 mil toneladas anuais de biometano de segunda geração a partir de 2026. A fábrica será instalada em Le Havre, na França e todo o gás renovável será produzido a fim de atender as companhias de navegação. A meta, segundo as empresas, é produzir 200 mil toneladas do gás renovável até 2028.Vale destacar que o desenvolvimento do biometano de segunda geração é resultado de um trabalho de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) lançado em 2010 — o Projeto Gaya, que reúne a ENGIE e mais 10 parceiros industriais e acadêmicos europeus em Lyon, na França.O gás renovável produzido a partir dos resíduos é capaz de reduzir em até 67% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, quando comparado com o bunker de baixo teor de enxofre (em inglês, Very Low Sulphur Fuel Oil ou VLSFO), que atende à atual regulamentação da IMO quando se analisa o ciclo de vida completo dos dois combustíveis, da produção ao impulso da embarcação.Outro ponto importante a comentar é que o transporte marítimo hoje é responsável por 2% das emissões globais dos gases de efeito estufa e um acordo já foi realizado pelos países em um encontro da ONU com foco em reduzir as emissões pela metade até 2050. A parceria firmada vem com esse propósito segundo os idealizadores.Christine Cabau Woehrel, vice-presidente executiva de ativos e operações da CMA CGM, ressaltou em nota que o projeto de biometano visa alavancar os projetos renováveis da empresa, assim como contribuir com o projeto RepowerEU, o qual é o plano da Comissão Europeia para tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos antes de 2030.“Para atingir a meta de carbono líquido zero até 2050, o Grupo CMA CGM busca formar parcerias industriais sólidas, lideradas por esta iniciativa com a ENGIE. Salamander é o primeiro projeto industrial a surgir da parceria, um piloto avançado que ajuda a desenvolver o setor de gás renovável, de acordo com as metas de independência energética e a transição para a economia de baixo carbono, estabelecidas pela Comissão Europeia no plano RepowerEU” finalizou ele.Fonte: Biomassa BR