Hoje, os produtores têm a possibilidade de produzir, além de alimentos, sua própria energia. Plantios dedicados de florestas energéticas em áreas específicas das propriedades – sejam pequenas, médias ou grandes – contribuem para diversificar a renda dos produtores, diz o pesquisador José Dilcio Rocha, da Embrapa Agroenergia. A principal função dos produtores rurais sempre foi, ao longo de sua história, a produção de alimentos e, efetivamente, o campo alimenta a cidade. Ao abrir a possibilidade de produzir combustível e energia a partir de matéria-prima florestal, ou seja, biocombustíveis e bioenergia, os agropecuaristas têm – ou terão – mais flexibilidade e diversificação da sua produção.Hoje, os produtores têm a possibilidade de produzir, além de alimentos, sua própria energia. Plantios dedicados de florestas energéticas em áreas específicas das propriedades – sejam pequenas, médias ou grandes – contribuem para diversificar a renda dos produtores. Tais plantios podem ser usados, internamente, suprindo as demandas das propriedades ou exportados para fora da porteira, gerando renda e agregando valor à sua produção global”, destaca o engenheiro químico, que será um dos palestrantes do Congresso Internacional de Biomassa (CIBIO 2016), que será realizado nos dias 15 e 16 de junho, em Curitiba (PR).De acordo com Rocha, a floresta plantada é uma forma de agricultura sinérgica com a produção de alimentos que abre muitas novas opções aos produtores brasileiros. “Já são hoje quase dez milhões de hectares de florestas plantadas no Brasil, mas podemos expandir muito mais, sem nenhuma competição com outras culturas ou atividades rurais.” BIOMASSA Falando especificamente sobre a biomassa florestal, segundo o pesquisador, existem muitas possibilidades e inovações nesta área, que serão abordadas durante o CIBIO. “A floresta como fonte de energia não é novidade, quando verificamos que o Brasil e o mundo já foram movidos à lenha e continuam usando largamente esta fonte de energia. Porém, as novidades são as novas tecnologias de silviculturas com novos clones, novas variedades visando ao aumento da produtividade.”Conforme Rocha, a aplicação do conceito do sistema de produção, conhecido como iLPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) é uma tendência de consórcio que se mostra muito eficiente e capaz de usar o solo com múltiplas atividades, simultaneamente.“A Embrapa tem dedicado grande esforço nesta tecnologia em todas as regiões do País. Na área de transformação e uso final, existem atualmente muitos avanços na indústria de equipamentos de produção de cavacos, briquetes e pellets. Todas estas transformações objetivam melhor aproveitamento da matéria-prima, menos geração de resíduos, otimização da logística com o aumento da densidade energética desses biocombustíveis sólidos, automação de processos para maior segurança e confiabilidade nas operações.”O engenheiro químico explica que os picadores de lenha para transformação em cavacos são equipamentos com ampla faixa de capacidade que conseguem ser viáveis para qualquer escala de produção, podendo ser móveis e assim atender aos cooperados, indo até a floresta que está viabilizando a logística.“Os cavacos já são usados na secagem de grãos, na geração termelétrica e em agroindústrias de vários portes para produção de vapor e eletricidade (cogeração). O desdobro de madeira produz muitos resíduos (serragem, maravalha, costaneiras, pontas de toras), que podem e devem ser usadas de alguma forma. O aproveitamento integral da matéria-prima florestal também deve ser praticado por questões ambientais, mas principalmente por questões econômicas.” ENERGIAS RENOVÁVEISSegundo Rocha, no setor de energias renováveis, o Brasil conta com a matriz energética mais limpa do mundo, devido ser quase a metade do consumo de energia destas fontes, enquanto que no resto do mundo este percentual não chega a 15%. “Mas temos muito que prender como, por exemplo, na cadeia produtiva do bambu.”Ele explica que uma floresta de bambu pode fornecer muitos materiais e energia para a sociedade mais sustentável. “Assim, dentro das fontes renováveis, a bioenergia é importante para o País e ela tem se desenvolvido rápido com muito investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), que é a área de atuação da Embrapa Agroenergia, em Brasília.”Na visão do engenheiro químico, ainda existem muitos gargalos relacionados à transformação desta pesquisa aplicada em inovação, ou seja, “precisamos desenvolver e criar mecanismos eficientes para transferir as tecnologias ao setor produtivo, para que a inovação ocorra efetivamente, gerando renda, postos de trabalho de qualidade e movimentando a economia”. CIBIO 2016Durante sua palestra no Congresso Internacional de Biomassa, em Curitiba, Rocha apresentará todas estas possibilidades, incluindo o sistema iLPF. “As tecnologias de automação de processos em cenários de escassez de mão de obra estão cada dia mais atuais e necessárias, inclusive para retirar a presença humana de locais insalubres da indústria. Uso de novas matérias-primas – como bambu, capim, podas de árvores urbanas, as raízes de florestas plantadas –, que antes ficavam no solo, já podem ser extraídas como fonte de energia”, destaca o engenheiro químico da Embrapa Agroenergia.Em sua opinião, “eventos como o CIBIO são locais privilegiados para divulgação de avanços tecnológicos, ponto de encontro dos diversos segmentos da cadeia produtiva da bioenergia seja florestal, agrícola ou pecuária, além de local para realizar bons negócios”. “Os organizadores estão de parabéns e encorajados para realizar novos eventos.”Mais informações sobre a programação completa do Congresso Internacional de Biomassa, nos dias 15 e 16 de junho, em Curitiba, acesse www.congressobiomassa.com. Foto: Daniela Collares/Divulgação EmbrapaPor equipe SNA/RJ