Sucroenergético

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Setor sucroenergético teve queda de 20%

O setor da cana-de-açúcar registrou queda de 20% e fez com que cerca de 100 mil postos de trabalho deixassem de ser criados, de acordo com análise da Archer Consulting.

Com a divulgação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) do consumo de combustíveis do mês de julho, o setor sucroalcooleiro começa a repensar o caminho que poderia ter trilhado não fosse a atual política de reajustes de preços, instaurada pelo governo federal.

De acordo com os números, foram consumidos 3,65 bilhões de litros de gasolina C (que contém o etanol anidro misturado) e 1,01 bilhão de litros de etanol hidratado. No acumulado de 12 meses, compreendido pelo período de agosto de 2013 até julho de 2014, o consumo total alcançou 54,98 bilhões de litros, dos quais 11,84 bilhões de litros de hidratado, 10,78 bilhões de litros de anidro e 32,36 bilhões de litros de gasolina A (antes da mistura).

Em um ano, o consumo nacional cresceu 8,70% em relação ao mesmo período de 2013, ou seja, 4,4 bilhões de litros, 90,6% de etanol.

De acordo com o gestor de riscos da Archer Consulting, Arnaldo Corrêa, nesse ritmo de crescimento acelerado, que coloca o consumo nacional crescendo à taxa média de 6,19% ao ano nos últimos cinco anos, "se mantida essa tendência, para o ano safra de 2015/2016, o Brasil vai precisar de pelo menos mais 24 milhões de toneladas de cana apenas para atender esse mercado".

O mix de combustíveis consumidos mantém o percentual de 41,1% para o etanol e 58,9% para a gasolina.

"Tivéssemos mantido as condições favoráveis de 2009, quando o etanol era responsável por 54,5% de todo o combustível consumido pela frota nacional (Ciclo Otto), somente a Região Centro-Sul do País estaria moendo nessa safra corrente, de acordo com nosso estudo, 720 milhões de toneladas de cana", afirma ele.

Para isso, segundo esse estudo da Archer Consulting, o País teria mais de 30 novas usinas, investimentos próximos a 30 bilhões de dólares e a geração de mais de 100.000 novos postos de trabalho diretos e indiretos. "Somem-se os investimentos que não vieram, além do etanol que deixamos de vender no mercado interno, e chegamos à cifra de 50 bilhões de dólares que ficaram por investir", completa Arnaldo.

O que se viu foi o contrário de crescimento ou, pelo menos, estabilidade. "O setor encolheu pelo menos 20% nesses últimos anos, seja pelo fechamento de várias unidades industriais, seja pela falta de investimento coibida pela falta de política energética, pela falta de planejamento de longo prazo e pela falta de vergonha na cara do governo atual, formado em sua maioria por gente tecnicamente desqualificada", afirma.


Açúcar em baixa

Em nota, Corrêa lembra que o mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana passada novamente em baixa no vencimento outubro/2014 que encerrou a sexta-feira cotado a 15 centavos de dólar por libra-peso, um nível que nem o mais pessimista dos traders poderia apostar há seis meses.

Os fundos continuam deitando e rolando com suas posições vendidas e não se acanharam a adicionar mais vendas a elas durante a semana. No acumulado do ano, o açúcar - que encerrou 2013 negociado a 16.41 centavos de dólar por libra-peso - já perdeu 8,6%. O derretimento do spread outubro/março mostra o quanto o mercado não quer o açúcar tailandês que deve ser o grande entregador do produto contra a expiração do outubro/2014 no final deste mês.

Por outro lado, a situação da safra brasileira de cana que deve se encerrar com um volume em torno de 555 milhões de toneladas, acende a luz amarela para a disponibilidade de cana-de-açúcar para o próximo ano tendo em vista que os investimentos e a expansão deverão ser desprezíveis.

No início de junho, a posição em aberto do vencimento julho representava àquela altura 37% da posição total. Por esse parâmetro, a posição hoje do outubro/2014 deveria ser de 330 mil lotes e está em 400 mil, um excesso de 70 mil lotes. Uma boa parte desse excedente é de usinas que ainda estão para fixar suas posições contra o vencimento outubro/2014. "Por outro raciocínio, levando-se em consideração o que já está fixado acreditamos que ainda existe um volume de um milhão de t a serem fixadas ou na iminência de serem roladas para o vencimento março 2015."


Fonte: DCI - Comércio, Indústria e Serviços

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