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O petróleo à flor da terra

Na corrida desenfreada para conquistar novas fontes de energia os países fazem de tudo: desde a retomada do polêmico xisto até o aproveitamento do lixo urbano, passando pelas energias eólica e solar, pelo aproveitamento dos gases industriais, gás natural cortando fronteiras nacionais, variação das marés, bagaço da cana e muitas outras opções, para atender a uma demanda que cresce alguns pontos percentuais acima do crescimento populacional. Com vocação para a energia hídrica, o Brasil vai avançando na capacidade de geração, apesar de todos os entraves ideológicos.

Enquanto isso, uma fonte limpa e segura, sem alarde, vai se impondo no Brasil, com a implantação dos projetos de reflorestamento. Seis milhões de hectares de florestas plantadas levam a uma constatação surpreendente: temos um imenso “poço de petróleo” à flor da terra. Como um hectare de eucalipto produz, em três ciclos, cerca de 800 metros cúbicos de madeira e o coeficiente de substituição é de oito metros cúbicos de lenha por tonelada de óleo, conclui-se que o nosso “poço” tem 600 milhões de toneladas de óleo combustível, com a vantagem de ser renovável.

O Brasil é o único país do mundo que produz o chamado “aço verde” com a utilização do carvão de eucalipto na produção siderúrgica. O carvão vegetal proporciona um importante ganho ambiental. Uma tonelada de ferro gusa produzida com coque emite 1,9 t de CO2, enquanto a mesma tonelagem produzida com carvão vegetal remove 1,1 t de CO2, captado nos ciclos da silvicultura. Soma-se, ainda, a importância estratégica da siderurgia brasileira a carvão vegetal, já que o carvão mineral consumido é totalmente importado. Nem todo o reflorestamento brasileiro é desenvolvido para carvão vegetal. Papel, móveis, embalagens, fibras, essências, postes, dormentes e até lápis, são produtos derivados da floresta plantada.

A propósito: o que tem de comum as seguintes espécies vegetais: arroz, laranja, algodão, cana de açúcar, café, trigo, tomate, soja, eucalipto, uva, alho e cebola? Resposta: todas são de origem externa e erroneamente chamadas exóticas. Infelizmente, ainda persiste o preconceito absurdo contra o eucalipto, fazendo crer que ele seca o terreno e afugenta a fauna. Não é verdade. Utiliza áreas degradadas, é a árvore de grande porte que menos água exige do solo; ocupa 55% das áreas dos projetos e deixa reservas permanentes. A queda natural das folhas do eucalipto recicla os nutrientes minerais do solo e favorece as novas agriculturas que o sucedem. Em estudos desenvolvidos pela EMBRAPA, foram encontradas nos reflorestamentos de Minas Gerais 126 espécies de aves e de dezenas de arbóreas em seu sub-bosque.

A palavra de ordem é “sustentabilidade”. Em um processo de substituição energética o setor florestal brasileiro tem como meta preservar, ao máximo, as florestas nativas e fazer crescer a economia setorial, com florestas novas, gerando emprego, divisas, tributos e uma nova mentalidade sem preconceitos.


Nacib Hetti
Diretor da ACMinas

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