Sucroenergético

Image

Cenário nada doce para o setor sucroenergético

O bom resultado da produção de derivados de petróleo, biocombustíveis e fabricação de coque em Minas Gerais de janeiro a maio, na contramão da queda quase generalizada do ritmo das fábricas no estado e no Brasil, está longe de refletir os efeitos da crise do segmento sucroenergético. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou alta da produção desse grupo de setores de 13,37% frente a abril, 2,2% ante maio do ano passado e de 3,4% no acumulado deste ano.

Os resultados apresentados pelos produtores de cana-de-açúcar e etanol, no entanto, seguem sem reversão de um quadro envolvendo falta de competitividade em relação à gasolina e de desequilíbrio financeiro, que afetam os investimentos. As lideranças do setor têm tentando sensibilizar o governo e o Legislativo para o risco de estagnação da atividade.

O presidente da Siamig, Mário Campos, tem insistido no fato de que, para sobreviver aos efeitos da política artificial de precificação da gasolina e de outras distorções que têm impacto na situação financeira do setor, as empresas tiveram de ampliar as plantações de cana para conseguir ocupar toda a estrutura da fábrica, ganhando eficiência. "O setor enfrenta a maior crise já vista. Crescemos para sobreviver porque havia capacidade ociosa", diz o executivo.

Desde 2006, o preço da gasolina subiu, em média, não mais de 16% nas bombas, ao passo que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, passou dos 50% no período analisado. Sem capacidade de competição, que só se verifica diante de uma relação de preços etanol/gasolina abaixo de 70% de diferença, o etanol hidratado perdeu estímulo.

"Em Minas, o efeito dessa política foi devastador", enfatiza o presidente da Siamig. A cada 100 litros de gasolina vendidos no estado em 2013, só foram comercializados 15 litros de etanol hidratado. Em 2009, eram 40 litros. As limitações no mercado do etanol anidro, aditivo que se tornou importante para composição da gasolina, também desestimulam os produtores.

Com acesso restrito aos 25% do mercado determinados na mistura e sujeitos à regulação pelo governo, a Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico (Cide), que já não era aplicada ao etanol hidratado, foi retirada da gasolina. Os representantes do setor sucroenergético defendem o restabelecimento da Cide ou a instituição de tributo federal de natureza ambiental, como instrumento para valorizar a matriz de combustível de baixo carbono e corrigir distorções.

Outra proposta é a criação de um mecanismo de estímulo à maior eficiência dos motores flex no uso do etanol hidratado como combustível, como parte do programa Inovar Auto, novo regime automotivo lançado com o objetivo de promover a competitividade da indústria nacional.

Em Minas, Mário Campos destaca que a recuperação da atividade depende, ainda, da reação do consumo do etanol hidratado e de um plano de incentivo à geração de bioeletricidade. O governo mineiro reduziu por duas vezes a alíquota do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), hoje em 19%, mas as reduções, para o setor, foram insuficientes. Os produtores pedem a diminuição do ICMS para 15%, como solução para criar um mercado local do etanol hidratado.


Fonte: Jornal Estado de Minas - Belo Horizonte/MG

Gostou do Conteúdo, Cadastre-se já e receba todas as notícias de BiomassaBR no seu email cadastrado

Compartilhe esta noticia: